Outubro Rosa Um novo (re) começo

Carme viu no tratamento para o câncer uma nova maneira de encarar a vida (foto Divulgação)
Carme viu no tratamento para o câncer uma nova maneira de encarar a vida (foto Divulgação)

O dia a dia de Carme Salete Collet, 56 anos, é como a de toda mulher bem-sucedida. Em meio a rotina de trabalho e casa, a assistente social e professora universitária ainda arruma tempo para fazer aulas de música, Pilates, organizar viagens e coordenar projetos sociais em prol do fim da violência e exploração sexual. Espontânea, otimista e bem-humorada, Carme não aparenta ser uma paciente recém-saída de um tratamento de câncer de mama. Há menos de um ano, em 5 de março de 2018, passou pela última radioterapia.

Após enfrentar um tratamento contra o câncer, muitas mulheres têm dificuldade de acreditar na cura e voltar à rotina normal. Ao término dos tratamentos, a perspectiva de vida muda com relação ao momento do diagnóstico. A médica cooperada da Unimed Chapecó da especialidade de Mastologia, Liana Ortiz Ruas Winkelmann, convive diariamente com mulheres em pós tratamento e afirma que em alguns casos o medo do fracasso, naturalmente manifestado pelas pacientes, transforma-se em maturidade e vitalidade após superar os tratamentos cirúrgico, quimioterápico e radioterápico.

“Uma mulher que atravessa todas as etapas do tratamento é o maior exemplo do empoderamento feminino. As fragilidades estéticas ficam para trás e surgem novas mulheres ainda mais confiantes e fortes”, opina a médica. Dra. Liana explica que após o término da rotina de tratamentos sequenciais, a paciente costuma entrar na fase chamada de seguimento, quando ocorre o acompanhamento com o mastologista e oncologista.

De acordo com a especialista, o período de maior atenção compreende os cinco primeiros anos, quando as consultas são trimestrais e, após, semestrais. “Apesar da necessidade dessa monitorização rotineira, é um momento de alívio e maturidade para as pacientes, pois, elas voltam a se ver como mulher e deixam de olhar estritamente a doença”, reforça.

Do tratamento da doença e do que passou ao longo da rotina de exames e acompanhamentos, Carme tirou uma lição: “O estresse é o alimento para o câncer. Hoje em dia, não dou importância para mais nada. Se você tem o suficiente para vestir, não passar fome e não passar frio é o que importa”, afirma. Conta ainda que, com o tratamento, aprendeu a enxergar o lado positivo das coisas e a valorizar a importância da união familiar. “Se precisei passar por isso, não foi por acaso. Pude perceber o quanto as pessoas gostam de mim e se preocupam comigo. Senti uma onda de amor muito grande”, comemora.

Prevenção

Sabe-se que a mamografia é a principal forma de detecção precoce do câncer de mama em mulheres assintomáticas. A Sociedade Brasileira de Mastologia preconiza a realização do exame a partir dos 40 anos e anualmente.

A médica mastologista cooperada da Unimed Chapecó, com área de atuação em mamografia, Dra. Estela Regina Eidt, orienta que o ideal é fazer a partir do sétimo dia após a menstruação, pois, nesta fase, as pacientes estão com as mamas menos doloridas. Porém, pode ser feito em qualquer momento do ciclo, não podendo ser realizado apenas em mulheres grávidas.

Para as mulheres que já estão em tratamento, Dra. Estela orienta uma dieta equilibrada, boas noites de sono, além do carinho e atenção das pessoas com as quais convivem. “O importante é ter esperança, pois, muito do tratamento depende de a paciente querer viver, ser feliz, superar esse momento e aproveitar o que a vida tem de bom para oferecer”, salienta.

Novas conquistas para reconstrução mamária

            Recentemente, na cidade de Bento Gonçalves (RS), no Vale dos Vinhedos, foi realizado o encontro de Oncoplástica – Evidências, Controvérsias e ConsensoO evento reúne médicos mastologistas com interesse em reconstrução mamária, especialmente, para as mulheres com câncer de mama que passarão por cirurgia e têm o risco de herdarem cicatriz extensa, sem nenhuma estética.

No evento gaúcho, compareceram médicos especialistas de regiões como, Macapá, Fortaleza e Recife. A maioria dos participantes era da região Sul e Sudeste. “O foco principal do encontro foram os avanços na utilização do Lipofilling, que é a transferência de célula-tronco gordurosa para áreas de mamas defeituosas após tratamento de câncer,” explica o médico mastologista e cooperado da Unimed Chapecó, Dr. Luiz Alberto Barcellos Marinho, que participou do evento.

Dr. Marinho ressalta ainda que o Lipofilling era utilizado, quase que exclusivamente, na correção de pequenos defeitos de cicatrização da superfície da mama. Segundo ele, este início tímido é explicado pela falta de trabalhos científicos que tratassem do assunto.  Não demorou muito e logo surgiram as primeiras publicações científicas mostrando resultados promissores e provando que a transferência de material para preenchimento poderia ser de volume mais expressivo.

O destaque do evento na serra gaúcha, de acordo com o médico, foi a apresentação do Lipofilling nas cirurgias de tumores malignos. “A técnica oferece à glândula mamária que será, posteriormente, irradiada um acréscimo de tecido gorduroso nas regiões próximas ao local onde está tumor, agindo de maneira preventiva para evitar que ocorra defeito na cicatriz cirúrgica, que exigiria nova cirurgia para a correção do mesmo”, explica.

Os participantes também tomaram conhecimento de valores maiores transferidos para a recuperação completa da glândula mamária que haviam sido amputadas completamente. Um grupo médico de Porto Alegre (RS) apresentou um caso clínico o qual a transferência de tecido gorduroso chegou a 800 gramas, reconstruindo completamente a mama de uma paciente que havia tido câncer de mama e foi submetida a mastectomia radical. No próximo ano, Porto Alegre sediará um encontro para tratar do assunto, trazendo especialistas de outros países, nos dias 29 e 30 de março.

Texto: Andressa Recchia/Unimed