Quem Foi São João?
São João, também conhecido como João Batista, é uma figura central nas tradições bíblicas, reconhecido por ter batizado Jesus Cristo. De acordo com a Bíblia, João Batista e Jesus eram parentes, pois suas mães, Maria (mãe de Jesus) e Isabel (mãe de João Batista), eram primas. João Batista, seis meses mais velho que Jesus, desempenhou um papel crucial ao preparar o caminho para ele.
Como profeta, João Batista anunciava a chegada de Jesus como o Cordeiro de Deus, ganhando notoriedade por sua pregação e por ser a “voz que clama no deserto” e a testemunha da luz, representada por Jesus.
Segundo Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor de teologia na PUC de São Paulo, João Batista não era um concorrente de Jesus. “Ele não tinha a pretensão de ocupar o lugar de Jesus. Quando Jesus começa sua pregação, João se retira de cena, destacando-se como um profeta que precede Jesus. Sua pregação centrava-se na conversão e na iminente chegada do Messias.”
O Fim Trágico de João Batista
João Batista teve um fim trágico, sendo preso por ordem de Herodes Antipas. Salomé, filha de Herodes, pediu sua decapitação, que ocorreu em 29 de agosto do ano 29.
Por que Celebramos São João em 24 de Junho?
Apesar de sua morte ter ocorrido em 29 de agosto, São João é celebrado em 24 de junho. Essa data peculiar se deve a dois fatores principais:
1. Duas Datas Litúrgicas: São João é um dos poucos santos com duas datas litúrgicas: a de seu nascimento (24 de junho) e a de sua morte (29 de agosto). A maioria dos santos é comemorada na data de sua morte, como Santo Antônio e Santa Rita de Cássia. No entanto, por ser o “anunciador” de Cristo, o nascimento de São João também é motivo de celebração.
2. Data Convencionada: Segundo a tradição, João Batista nasceu seis meses antes de Jesus. Com o Natal celebrado em 25 de dezembro, o nascimento de São João foi ajustado para 24 de junho.
Origem das Festas Juninas
As festas juninas têm suas raízes na Europa, onde 24 de junho cai logo após o solstício de verão. Originalmente festas pagãs ligadas à colheita, foram gradualmente incorporadas pelo catolicismo entre os séculos 12 e 13, ganhando um caráter religioso.
De acordo com Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP, as festas juninas celebram a colheita e a vida, simbolizando a alegria e a devoção. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram essas tradições, que foram adaptadas e enriquecidas pela cultura indígena local.
A Fogueira de São João
São João é associado à imagem do cordeiro, por anunciar a vinda de Jesus, e também à fogueira. A fogueira é acesa na noite de 23 para 24 de junho como símbolo de luz. Segundo a tradição, Isabel, mãe de João Batista, teria acendido uma fogueira para avisar Maria que estava prestes a dar à luz e precisava de ajuda.
São João Batista é uma figura de grande importância nas festas juninas, celebradas com alegria e devoção, especialmente no Nordeste do Brasil. Essas festividades não só honram a memória do santo, mas também refletem a rica herança cultural e religiosa trazida pelos colonizadores portugueses e adaptada pelo povo brasileiro ao longo dos séculos.