Dois bebês que morreram em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, tiveram os corpos trocados no necrotério. O erro, no entanto, foi descoberto somente quando um dos recém-nascidos já estava sendo sepultado no interior de Caxambu do Sul.
Marcia Cristina Cross, de 23 anos, estava no oitavo mês de gestação e morreu às 3h de domingo (15) no HRO (Hospital Regional do Oeste). O laudo da morte atestou choque séptico, septicemia, anemia falciforme e crise falcêmica de acordo com a Secretaria de Saúde de Caxambu do Sul, município onde a jovem morava.
Suspeita de Covid-19
No documento também constava suspeita de Covid-19, mas segundo a família a jovem não possuía nenhum sintoma. O resultado do exame saiu após a morte da jovem e resultou negativo para Covid-19.
De acordo com o cunhado de Márcia, que não quis ser identificado, a jovem não apresentava nenhum problema de saúde. “Ela começou a sentir muitas dores e foi levada ao hospital. Foi constatado que ela tinha pedra na vesícula e precisaria passar por cirurgia”, disse em entrevista ao ND+.
Marcia morreu na cirurgia e na sequência passou por cesariana de urgência para a retirada do filho. No entanto, o menino também não sobreviveu. Os corpos foram levados para o necrotério que fica anexo ao hospital, em Chapecó.
No setor de exame cadavérico, o menino teria sido trocado por uma menina que também morreu no hospital. Junto de Marcia foi colocado o corpo da outra criança. No entanto, naquele momento, o erro não foi percebido, uma vez que o caixão foi entregue à família lacrado e a orientação foi que não houvesse velório e nem fosse aberto o caixão pela suspeita de Covid-19.
Família foi informada no momento do enterro
A família foi informada do erro somente no momento do enterro de Marcia. “Recebemos uma ligação do hospital dizendo que havia ocorrido um problema e os bebês estavam trocados. Tivemos que levar os corpos de volta para podermos corrigir a situação e concluir o enterro”, contou o cunhado.
A família, que já estava passando por uma situação traumática, ficou chocada com a situação e com o erro. Além da troca de bebês, ao abrir o caixão constatou-se que a jovem estava nua junto com a criança enrolada em um pano.
“Houve um erro do hospital na troca dos bebês e um erro da funerária que colocou ela daquele jeito no caixão. Depois que as crianças foram destrocadas eles corrigiram a situação, mas é um absurdo uma situação dessas”, disse o cunhado.
Após o enterro, a família entrou em contato com o advogado que acompanha o caso e está tomando os procedimentos cabíveis com relação aos direitos dos familiares.
De acordo com a assessoria de imprensa do HRO, no dia 16 de novembro de 2020 foi instaurada sindicância interna para apurar os fatos. A entidade não quis detalhar o assunto.
A reportagem não conseguiu localizar a funerária responsável pelos atos fúnebres.
Polícia Civil investiga o caso
A Polícia Civil, por meio das unidades da 12ª Delegacia Regional de Polícia de Chapecó, investiga a situação. As equipes da Polícia Civil estiveram no local levantando informações preliminares.
“Ainda não estão esclarecidos os motivos e condições do ocorrido, especialmente a eventual responsabilidade e autoria”, explica a Polícia Civil em nota.
Caberá à polícia a identificação de uma eventual infração penal. A Polícia informa que outros detalhes serão mantidos em sigilo, não apenas para garantia da eficiência de eventuais diligências investigativas, mas também visando a preservação das famílias envolvidas.
Jornalismo Rádio Efapi com informações do ND Mais.