“Quem matou Marcelino Chiarello?” Desde 28 de novembro de 2011, essa pergunta ecoa em muitos lares, mentes e rodas de conversa chapecoenses. Neste dia, o professor e vereador Marcelino Chiarello, na época com 42 anos, foi encontrado pela esposa e pelo filho, pendurado pelo pescoço junto à janela do quarto de visitas, com o rosto e as roupas ensanguentadas. No mesmo dia, a Polícia Civil comunicou à imprensa local que o caso seria tratado como assassinato – tese confirmada pelo primeiro laudo pericial.
Contudo, em 29 de junho de 2015, após quatro laudos distintos, o caso foi arquivado como suicídio. Exatos três anos após o arquivamento, Chapecó recebe o primeiro Julgamento Popular do sul do país, no dia 30 de junho. A ação vem para denunciar o descaso e a omissão do poder público nas investigações e trazer à tona fatos que permanecem escondidos sob as 2614 páginas de inquérito policial abrigadas pelo Fórum da Comarca de Chapecó – e que não foram esclarecidos pela Justiça brasileira ao longo dos últimos sete anos.
Lançado em 12 de setembro de 2017 (data que marca o aniversário de vida de Marcelino), este Julgamento Popular é uma iniciativa do Fórum de Lutas em Defesa da Vida, Por Justiça e Democracia. Para isso, conta com a assessoria do juiz de direito e Relator de Direitos Humanos dos Fóruns e Redes de Defesa dos Direitos da Cidadania do Maranhão, Jorge Moreno, que já conduziu tribunais populares no Maranhão e na Bahia.
“Vamos mostrar que em Chapecó há uma sociedade indignada diante das omissões e fraudes que permearam as investigações da morte de Marcelino. O próprio arquivamento do caso contraria a legislação brasileira, pois não foram exploradas todas as possibilidades e linhas de investigação que apontavam para o homicídio”, destacou Moreno. “Mais do que um crime sem resposta, o caso de Marcelino é uma grave violação dos direitos humanos e um exemplo do quanto a Justiça brasileira serve aos interesses de poucos”, define o juiz.
O Estado brasileiro no banco dos réus: como será o Julgamento Popular do caso Marcelino Chiarello
A realização de um Julgamento Popular segue algumas etapas. No caso Marcelino, há dois anos, uma série de ações vem sendo desenvolvidas: oficinas de estudo sobre o caso e sobre o funcionamento do judiciário, vigílias, caminhadas, passeatas e plenárias nas comunidades. No dia 30 de junho, o Julgamento Popular deve ocorrer ao longo de todo o sábado, das 8h30 às 17h, no salão da comunidade São José Operário, no bairro Líder. A programação contará com um resgate da trajetória de Marcelino, apresentação de laudos, depoimento de testemunhas, acusação, parecer do júri (entre os jurados, estão lideranças dos movimentos sociais do Oeste de SC e personalidades nacionais, como a deputada federal Maria do Rosário e o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão) e, por fim, a leitura da sentença final.
Quem foi Marcelino Chiarello
Professor da rede pública estadual e vereador do Partido dos Trabalhadores (PT) entre 2004 e 2011, Marcelino era a principal referência dos movimentos populares na Câmara de Vereadores de Chapecó. No exercício do mandato, ele deu voz e apoiou lutas comunitárias e sindicais, lutou em defesa dos atingidos por barragens e denunciou irregularidades na merenda escolar, nas lombadas eletrônicas e nas subvenções sociais em Chapecó.
TRANSMISSÃO AO VIVO
A Rádio Efapi transmite ao vivo o Julgamento Popular. A transmissão inicia às 08 horas da manhã e prossegue até o final do evento.
SERVIÇO:
JULGAMENTO POPULAR DO CASO MARCELINO CHIARELLO
Quando: 30 de junho, das 8h30 às 17h
Local: Salão da comunidade São José Operário,
Rua Dom Joaquim Domingues de Oliveira, no bairro Líder – Chapecó
Fonte: FÓRUM DE LUTAS EM DEFESA DA VIDA, POR JUSTIÇA E POR DEMOCRACIA