Dentre os simbolismos e rituais que a época da páscoa proporciona, a colheita da marcela (macela) é um deles. Tradicionalmente é colhida na semana que antecede a Páscoa e guardada durante o ano.
Muitas comunidades ainda mantêm viva a tradição de levar consigo as crianças para aprender a simbologia do momento. A partir desta ideia, a Escola Básica Municipal Lajeado Veríssimo bem como os Centros de Educação Infantil Municipal Toldo Chimbangue e Sãpe Ty Kó Si, organizaram durante a semana um momento especial para fazer a colheita em parceria com a comunidade escolar a fim de repassar aos menores seus conhecimentos.
De acordo com a Roseli Pacheco, 44 anos, da EBM Lajeado Veríssimo, o qual aprendeu com sua avó fazer a colheita das flores, hoje é um orgulho ter consigo a filha e a neta na escola para realizar esta ação, “desde criança colho marcela na semana da páscoa, e deixo guardada para qualquer emergência, pois o chá é bom para muitas coisas: dor de cabeça, dor na barriga, expectorante e outras.” Já para a estudante Maria Vitória do Carmo, que tem como referência a família e a escola significou muito acompanhar a avó e os professores no momento da colheita: “se minha vó e a professora dizem que faz bem, eu acredito”, disse.
A marcela é uma planta medicinal nativa, abundante na Região Sul do Brasil, e é utilizada para preparação de chás com propriedades digestivas, antiespasmódicas, entre outras. Na comunidade indígena da Aldeia Condá, é considerada uma planta típica da medicina tradicional indígena em específico da Cultura Kaingang. O trabalho é realizado pelos anciãos e repassado aos CEIMS e familiares. Anos atrás as flores eram colhidas apenas para uso de chás curativos dentro da própria aldeia, mas, “com o passar dos anos foi surgindo o comércio”, o que afirma a Anciã Dona Catarina dos Santos enquanto separa os buquês que serão comercializados “não deixa de ser uma planta respeitada por suas propriedades medicinais”, diz.
Essa tradição da colheita da marcela também é realizada por algumas famílias da Comunidade da Aldeia Toldo Chimbangue, porém, nesta Comunidade em 2021 houve o envolvimentos dos professores e funcionários do CEIM que realizaram a colheita buscando resgatar um pouco desta cultura.