O conglomerado agroindustrial Cooperativa Central Aurora Alimentos – terceiro grupo nacional do setor de carnes – inaugurou nesta terça-feira em Chapecó a maior unidade industrial de abate e processamento de suínos do Brasil. A solenidade contou com a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Tereza Cristina e centenas de lideranças cooperativistas, empresariais e políticas do Sul do País.
O ato foi presidido pelos diretores Mário Lanznaster (presidente), Neivor Canton (vice-presidente), Marcos Antônio Zordan (diretor de agropecuária) e Leomar Luiz Somensi (diretor comercial). Manifestaram-se na ocasião o gerente da unidade Antônio Wanzuit Júnior, o presidente Lanznaster, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) Márcio Lopes de Freitas, o prefeito Luciano Buligon, a vice-governadora Deniela Reinehr e a ministra Tereza Cristina.
No ato inaugural, o presidente Mário Lanznaster relatou a trajetória da cooperativa central desde sua fundação em 1969 até sua transformação na terceira maior empresa de proteína animal do Brasil. Explicou a importância do sistema integrado de produção que envolve 65 mil famílias rurais, entre elas 3.500 produtores de suínos, 3.600 criadores de aves e 4.500 produtores de leite. Enalteceu a cooperação com o Sistema S por meio do Sebrae, do Sescoop e do Senar, e das cooperativas de crédito Sicoob e Sicredi. Observou que os associados (cooperados) das 11 cooperativas que formam o Sistema Aurora pertencem à agricultura familiar. “Mas é uma agricultora familiar que produz, cresce e progride”, esclareceu.
O dirigente expôs que depois de um 2018 repleto de problemas, 2019 se apresenta como um ano de excelentes resultados para a indústria brasileira da carne, em razão do sucesso das exportações. Parte desse sucesso se deve a ocorrência de doenças em outros países. Por isso, Lanznaster pediu à ministra atenção especial com a sanidade e advertiu para o perigo do bioterrorismo. Recomendou rigorosa fiscalização especialmente nos aeroportos para impedir o ingresso de patologias no Brasil. Também pediu a construção da Rodovia Norte-Sul para o transporte de milho do centro-oeste brasileiro.
O gerente da unidade, Antônio Wanzuit Júnior, depois de expor todos os diferenciais da planta – que atende os mais rigorosos requisitos dos principais mercados mundiais – pediu à ministra agilidade na adequação da legislação e na aprovação dos projetos para acompanhar a melhoria dos processos e a evolução tecnológica. “Somente assim nos manteremos viáveis, competitivos e eficientes”.
INOVAÇÃO
A ministra Tereza Cristina destacou o exemplo da Aurora e a importância da cooperativa na geração de renda e no desenvolvimento das regiões. Anunciou uma inovação no sistema de inspeção que dará maior liberdade com responsabilidade para as indústrias frigoríficas que ficarão sujeitas a auditoria – um modelo adotado em outros países. “Nós temos um bom sistema de sanidade hoje, mas o segmento das proteínas é tão grande no Brasil e exige tanto cuidado que nós vamos construir, juntos, o melhor sistema sanitário, de credibilidade de inspeção sanitária, do mundo. E nós vamos dividir isso com vocês, faremos isso em conjunto. Sabemos que nós não temos pernas, hoje, para atender todo o potencial que o Brasil tem para fazer alimentos de qualidade, por isso vamos trabalhar em conjunto. Vocês (indústria) vão fazer e o Ministério vai auditar a qualidade e dar credibilidade.”
A ministra destacou que a assistência técnica é a “palavra mágica” para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, especialmente para os pequenos produtores. “Não podemos ter empresas de excelência, que trabalham com a mais alta tecnologia e ter o pequeno agricultor, aquele assentado, ele precisa receber essa assistência técnica para ter renda, ter qualidade de vida, ter dignidade e a liberdade para fazer o que ele quer com a sua propriedade”, disse. Para Tereza Cristina, o Brasil tem uma oportunidade de ouro para mostrar a importância do seu agronegócio para o mundo todo. “Me dá muito orgulho poder sair do nosso país e ir lá fora e poder contar o que temos de bom. Tem muitos maus brasileiros que gostam de falar mal do nosso País, mas eu tenho orgulho, porque estou falando a verdade. Temos problemas, mas temos muito mais sucesso que fracasso no Brasil”, disse.
Sobre a ferrovia, prometeu levar o pleito ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que “está trabalhando para desamarrar esses nós e receber investimentos externos e internos para que essas obras estruturantes, tão necessárias para nossa agropecuária e outros segmentos produtivos possam sair do papel”.
INTERNACIONALIZAÇÃO
Tereza Cristina aproveitou a inauguração do Frigorífico da Aurora Alimentos em Chapecó para assinar acordo de cooperação técnica com o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) Márcio Lopes de Freitas para promover a intercooperação e a internacionalização da produção de cooperativas brasileiras, no âmbito do Programa Brasil Mais Cooperativo. O Ministério se compromete, junto com a OCB, a favorecer a troca de conhecimento, de experiências e de boas práticas entre cooperativas, considerando as realidades regionais, e a estimular a formação de redes produtivas, beneficiadoras e de comercialização. A intercooperação visa qualificar a gestão de cooperativas em diversas regiões do país, enquanto a internacionalização trata da abertura de mercados para as cooperativas brasileiras.
O objetivo é ampliar e mercado não só para as grandes, mas também para as médias e pequenas cooperativas. “O cooperativismo é um dos melhores sistemas que eu conheço. É justo, traz igualdade social, enfim, é um sistema que temos que replicar”, disse a ministra.
Ao final, foi descerrada a placa inaugural e, em seguida, o bispo diocesano de Chapecó dom Odelir José Magri e o pastor da Igreja O Brasil para Cristo Altair Boita procederam a benção das instalações.
O MAIOR DO BRASIL
O Frigorífico Aurora Chapecó (FACH 1) recebeu Investimentos da ordem de R$ 268 milhões que permitiram dobrar sua capacidade de 5.000 para 10.000 cabeças por dia, empregando cerca de 5,5 mil trabalhadores e gerando 221 produtos cárneos.
O FACH 1 é a única indústria brasileira que exporta carne suína in natura para os Estados Unidos. Também está habilitada para importantes mercados, como China, Hong Kong, Japão, Coreia do Sul e Chile, totalizando cerca de 20 países.
A unidade começou a operar em 1992, empregando 432 pessoas para produzir cortes in natura de carnes suínas. Nesses 27 anos recebeu várias ampliações. A mais recente consiste nas obras de duplicação que iniciaram em julho de 2018 e foram inauguradas em outubro de 2019.
O total de recursos aplicados no projeto global de ampliação de abates e industrializados na unidade FACH 1 foi de aproximadamente R$ 268 milhões, sendo 20% de capital próprio e 80% de capital financiado.
O FACH I está organizado nos setores de administração, manutenção, produção, qualidade e logística. Os investimentos atingiram os setores de abate e áreas relacionadas (ampliação do abate, sala de cortes, miúdos, beneficiamento de tripas), industrializados (linguiças frescais, salsichas, mortadelas e bisteca) e áreas de apoio (estacionamento, restaurante, lagoas de tratamento, caldeira, sala de máquinas entre outras). As áreas que concentraram os maiores investimentos foram as linhas de abate e industrializados.
Em face dos investimentos, o número de trabalhadores diretos da unidade sobe dos atuais 3.000 para 5.480 empregados diretos.
O incremento de produção se dará nas linhas de produtos já existentes: cortes congelados, linguiças frescais, salsichas, bisteca e mortadela.
Os principais reflexos se manifestam na duplicação da capacidade industrial instalada. O abate passa de 5.230 suínos/dia para 10.527 cabeças/dia, com incremento de 101,3%. O processamento mensal cresce na mesma proporção, de 109.830 suínos para 221.072 animais.
A operacionalização da capacidade ampliada inicia em outubro e atinge sua plenitude – de 10.527 suínos por dia – no primeiro semestre de 2020. Nesse estágio, o conglomerado Aurora Alimentos estará abatendo 25.000 cabeças por dia.
A unidade vem incorporando importantes avanços tecnológicos, como o abate humanitário com o uso do gás CO2, a robotização da paletização de industrializados, a automação no processo de embalagem de linguiças frescais e a automação e robotização no cozimento de mortadela.
COOPERATIVA CENTRAL AURORA ALIMENTOS – Informações Globais
Data de fundação: 15 de abril de 1969.
Primeiro presidente: Aury Luiz Bodanese.
Posição nacional: terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes.
Receita operacional bruta anual: R$ 9,1 bilhões.
Número de empregos diretos: 28.149 em 2019; 29.000 em 2020.
Número de cooperativas agropecuárias filiadas: 11.
Base produtiva no campo: 65.531 famílias de produtores rurais.
Processamento industrial: 1.000.000 de aves por dia.
20.000 suínos por dia em 2019; 25.000 em 2020.
1.500.000 litros de leite por dia.
Produtos: mix com mais de 800 itens em produtos a base de carne, leite, massas e vegetais.
Número de unidades industriais: oito plantas frigoríficas de suínos, sete plantas frigoríficas de aves, uma planta de lácteos.
Exportação: mais de 60 países.
Jornalismo Rádio Efapi com informações da MB Comunicação.